sexta-feira, 6 de abril de 2012

Sentimento em tinta e papel...

       Hoje eu parei pra escrever, dentre todos os sentimentos por mim experimentados, o que mais se destaca, o que mais se recusa ir, é a sensação inexplanável...
       Olho pelas janelas, ao logo dos dias, a cada lance de olhar posso contemplar uma paisagem mais linda. Vejo-me de fato cercada por belezas imensuráveis... Meus olhos se agradam, e quase que instantaneamente o cérebro diz - Quero voltar pra casa, aqui não é meu lar... Instante no qual o coração se esmiúça, vem as lembranças, da gota da chuva que caía na janela, à companhia inenarrável dos amigos que ficaram.
       É estranho ter o doce e o amargo, ao mesmo tempo, sob o julgamento do paladar. Aos poucos, neste misto dolorido e eufórico de aflições e emoções, eu me encontro... Descubro com o passar das horas que a 'frieza' que eu inocentemente imaginava ter, na verdade não existe. A cada instante, em meio à lágrimas que rolam sem nenhum pudor, eu aprendo que em meu peito há um coração sensível, vulnerável...
       Arroubos emocionais são comuns agora, pego-me vertendo lágrimas incontáveis aos mais sutis sinais de pressão ou cobrança, a saudade é cruel, e as lembranças se fazem, por vezes, torturas insuportáveis.
       Em dado momento tudo se torna insuportável. Ver os carros passando, os  ônibus levando e deixando pessoas, tudo espreme o coração, que agora sabe que não vai voltar pra casa no final de um dia exaustivo, em todos os sentidos. A mente se exausta pelo esforço, o corpo, ainda em adaptação à nova rotina, grita, e o sentimental, já frágil como um lenço de papel molhado, geme em silêncio, no oculto, apertando a garganta e impulsionando as lágrimas, que parecem não obedecer ao meu comando: Pare! Algo dentro de mim pede copiosamente para voltar, para deixar tudo. Há um conflito constante dentro de mim, no qual a mente faz um esforço incalculável para amenizar o sentimento sufocante, e o consciente racional tenta, arduamente, fazer a expressão facial ser a melhor possível...
       Agora eu fiz uma breve pausa, para por no papel esta pequena porcentagem, talvez esse um porcento que deixo em tinta e papel, alivie o peso que esta nova realidade me traz.
       Sei que bons momentos virão por aí, e reconheço os que já houveram, eu agora, anseio demasiada e desesperadamente pelo dia que tudo isso se tornará normal, comum.
       Família, amigos, ministério, hoje sei que minha vida se fundava nisso, e agora, os quilômetros que me separam de tudo, são o pior obstáculo que preciso enfrentar, todos os dias ao acordar...

       Saudade... Hoje eu digo que ela é o pior sentimento, e o pior desafio que alguém pode ter. É como se me tirassem o ar, e me forçassem a viver sem ele...

Susan Oliveira

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