Olho pelas janelas, ao logo dos dias, a cada lance de olhar posso contemplar uma paisagem mais linda. Vejo-me de fato cercada por belezas imensuráveis... Meus olhos se agradam, e quase que instantaneamente o cérebro diz - Quero voltar pra casa, aqui não é meu lar... Instante no qual o coração se esmiúça, vem as lembranças, da gota da chuva que caía na janela, à companhia inenarrável dos amigos que ficaram.
É estranho ter o doce e o amargo, ao mesmo tempo, sob o julgamento do paladar. Aos poucos, neste misto dolorido e eufórico de aflições e emoções, eu me encontro... Descubro com o passar das horas que a 'frieza' que eu inocentemente imaginava ter, na verdade não existe. A cada instante, em meio à lágrimas que rolam sem nenhum pudor, eu aprendo que em meu peito há um coração sensível, vulnerável...
Arroubos emocionais são comuns agora, pego-me vertendo lágrimas incontáveis aos mais sutis sinais de pressão ou cobrança, a saudade é cruel, e as lembranças se fazem, por vezes, torturas insuportáveis.
Em dado momento tudo se torna insuportável. Ver os carros passando, os ônibus levando e deixando pessoas, tudo espreme o coração, que agora sabe que não vai voltar pra casa no final de um dia exaustivo, em todos os sentidos. A mente se exausta pelo esforço, o corpo, ainda em adaptação à nova rotina, grita, e o sentimental, já frágil como um lenço de papel molhado, geme em silêncio, no oculto, apertando a garganta e impulsionando as lágrimas, que parecem não obedecer ao meu comando: Pare! Algo dentro de mim pede copiosamente para voltar, para deixar tudo. Há um conflito constante dentro de mim, no qual a mente faz um esforço incalculável para amenizar o sentimento sufocante, e o consciente racional tenta, arduamente, fazer a expressão facial ser a melhor possível...
Agora eu fiz uma breve pausa, para por no papel esta pequena porcentagem, talvez esse um porcento que deixo em tinta e papel, alivie o peso que esta nova realidade me traz.
Sei que bons momentos virão por aí, e reconheço os que já houveram, eu agora, anseio demasiada e desesperadamente pelo dia que tudo isso se tornará normal, comum.
Família, amigos, ministério, hoje sei que minha vida se fundava nisso, e agora, os quilômetros que me separam de tudo, são o pior obstáculo que preciso enfrentar, todos os dias ao acordar...
Saudade... Hoje eu digo que ela é o pior sentimento, e o pior desafio que alguém pode ter. É como se me tirassem o ar, e me forçassem a viver sem ele...
Susan Oliveira
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