segunda-feira, 11 de junho de 2012

Por alguém que se foi...


       Olho pela janela, numa tentativa quase desesperada de poder novamente fitar os olhos em você... O que vejo é o campo vazio, movido pelo vento... Mas naquele caminho, no qual você costumava passar, sempre com uma flor colhida do mais vivo pé, nas mãos, não há ninguém... Você se foi, como o pássaro que voa e no céu desaparece...
       Lembro de quando você estava aqui... Seu abraço era o mais quente, suas palavras, as mais confortantes, seu sorriso era contagiante, sua voz, capaz de fazer tudo ficar bem... Suas risadas eram meu remédio, e compartilhar os momentos com você era meu passatempo preferido, mesmo que fosse pra não fazer nada... Com você o tempo não era perdido, e cada minuto valia quase uma eternidade...
       Agora olho suas fotos no computador... Fotos de uma vida compartilhada, bem vivida, mas curta, curta como o tempo que tem cada folha antes da chegada do outono... Olhar pra elas faz verterem lágrimas dos olhos, lágrimas de uma saudade eternizada...


       Somos preparados para tanta coisa na vida, mas ninguém ensina-nos a perder alguém amado... Ninguém dá suporte para suportar a maior dor do mundo... Nada é capaz de cessar o sentimento indescritível de ser separado de alguém muito querido, para sempre.
       Você foi tirado daqui pela mais cruel circunstância que existe... Mas nada poderia retirá-lo de dentro de mim... Nada poderia apagar as lembranças doces que ficaram...


       Ficou aqui o livro que você não terminou de ler... A sua agenda com compromissos marcados... Suas coisas organizadas do seu jeito...
       O seu lugar no sofá já esfriou, seu lado do banco já está cheio de folhas, suas roupas aos poucos vão perdendo seu cheiro, e a brisa já não move mais seus cabelos... O sol não reflete mais em seus olhos, e seu sorriso não se abre mais ao encontrar o meu... Seus braços não se abrem mais, e suas pernas não lhe trazem mais ao meu encontro...
       Você esqueceu comigo algumas coisas, que jamais serão devolvidas... Seu lugar na faculdade é vazio, e já é inútil preparar seu prato no almoço de domingo, quando costumávamos nos reunir entre amigos...


       Agora ficou o vento que sopra em meu rosto, sopra de leve, gelado, me dizendo com ternura que a vida segue, e que ainda há felicidade...
       Por mais que eu queira contrariar, gritar, quebrar algo, ou deixar de ocupar um espaço neste mundo, eu sei que o vento está certo...
       Lágrimas as vezes caem, outras não, sinto raiva, outras vezes saudade, tenho vontade de gritar e gritar, até que alguém ouça e tire isso de mim, mas ninguém pode... Fico em silêncio, ouço músicas, dou risada sozinha ao lembrar de nossos momentos, perco o olhar em algum lugar distante...
       Você se foi, mas eu não... Ainda estou aqui... Viverei com o que você deixou de melhor em mim... E nunca, nunca lhe esquecerei....

       Me diz.... Com quantos suspiros se escreve a palavra saudade?


Susan Oliveira